Nem tudo precisa de um final para ter acabado.

Nem tudo precisa de um final para ter acabado.

Crescemos lendo, assistindo filmes, ouvindo histórias, e em todas elas sempre há um começo, um meio e um fim. Um desfecho claro, um ponto final que nos diz que acabou. Seja de forma boa ou ruim, aprendemos a esperar um encerramento. O último livro da saga, o episódio final da série, o "felizes para sempre" que nos dá um sentimento de conclusão.

Mas, quando crescemos, percebemos que a vida não funciona assim. As pessoas vão embora, mudam, se afastam. Histórias ficam pela metade, e nem sempre há um grande final explicando o porquê. Mesmo assim, continuamos sendo aquelas crianças que ficavam acordadas até tarde, assistindo filmes da Disney e chorando com os episódios finais das nossas séries favoritas. Como se, no fundo, ainda esperássemos que a vida também desse um fechamento assim simples, direto, e com trilha sonora emocionante de fundo.

•amizades

Todos temos ou já tivemos amigos em algum momento da vida. Eles são essenciais, aquele porto seguro que está lá por você. Mas e quando aquela amizade especial, que parecia tão certa, simplesmente acaba? Sem aviso prévio, sem explicação, sem um “e se”?

Quando a amizade se desfaz aos poucos. Vocês eram inseparáveis, até que, de repente, começou a parecer demais, e então acabou. As mensagens foram diminuindo, áudios viraram “já já eu respondo”, e, antes que percebessem, passaram a acompanhar a vida um do outro apenas pelos stories. De repente, você vê seu antigo melhor amigo assumindo alguém, e o nome da pessoa já não te soa familiar. Antes, você saberia até quem ele pensava em mandar mensagem.

Esse tipo de fim é silencioso. Não há brigas, nem conversas definitivas. Vocês simplesmente se desencontram. No aniversário, ainda trocam mensagens frias de parabéns, mas já não esperam ansiosamente pela meia-noite, nem planejam presentes com antecedência. Mas, mesmo assim, as memórias continuam ali, os risos, os momentos bons, tudo guardado com carinho. Nem sempre é preciso entender ou culpar alguém. Algumas pessoas chegam, outras vão, e a vida segue.

Nos vemos em algumas pessoas e, às vezes, precisamos de óculos para nos enxergar em outras. No fim do dia, apagamos fotos da galeria, mas sempre deixamos uma salva na pasta de favoritos. Porque, por mais que tudo tenha mudado, certos lugares no coração continuam reservados.

•amor e paixão

No amor, as coisas não se tornam tão diferentes. Assim como na amizade, o fim tem sua própria maneira de acontecer, e na maioria das vezes ele não é cheio de grandes gestos, declarações ou finais cinematográficos. É mais parecido com um simples “boa vida”, um “ocultar story” ou, talvez, várias indiretas no falecido Twitter.

Porém, há uma diferença entre o amor e a paixão e como cada um chega ao seu fim.

A paixão não pede licença, entra de uma vez. Ela invade nossos corações e mentes, é aquele frio na barriga incontrolável, aquele “você gosta daquele menininho?” de quando éramos pequenos. Porém, da mesma forma que ela chega rapidamente, ela também vai embora de maneira brusca. A paixão é rápida, como um furacão que vira tudo de cabeça para baixo e nos deixa sem ar. Queremos tudo e queremos agora.

Já o amor é diferente. Ele pode começar até sem paixão, sendo construído aos poucos, devagar, nos olhares da rotina, nos risos até mais tarde. O amor é sobre a permanência.

E assim, os finais são diferentes. A paixão é muito mais sobre os “se”, sobre o que não foi vivido e como lidar com isso, como deitar com a cabeça no travesseiro e não pensar em como poderia ter dado certo ou como simplesmente não foi algo, sabe? Mas, no fundo, todos nós sabemos que foi algo para nós mesmos. Já o amor pode existir sem um fechamento, sem uma briga, e nem sempre há uma despedida de verdade. Porque não se dá para se despedir do amor. Mesmo que haja um fim na sua cabeça, o amor não tem fim, pois ele se reinventa, se adapta, se torna uma memória que persiste na sua mente, mesmo que as circunstâncias mudem.

• Como superar isso?

É importante entender que está tudo bem, mesmo que você ainda esteja no restaurante, sem saber exatamente quando ou como sair. A grande lição aqui é que existem outros lugares, novas experiências até mesmo sorveterias, para quem quiser tentar algo mais doce. O ponto aqui é cada um de nós tem uma maneira única de seguir em frente e de recomeçar.

O caminho, muitas vezes, não será reto , e isso está ok. O segredo é saber que, mesmo que os finais não venham embalados com explicações ou despedidas cinematográficas, a vida continua. E, com ela, sempre há novas possibilidades, novas histórias esperando para serem escritas, então pare de pensar no que  já foi escrito e comece a ditar seus próximos capítulos não esquecendo da sua história.